11/07/2016
Em protesto por reajuste salarial, 46 chefes da Receita Federal entregam cargos no Rio Grande do Sul

Em protesto por reajuste salarial, 46 chefes da Receita Federal entregam cargos no Rio Grande do Sul

10/07/2016

Em protesto por reajuste salarial, 46 chefes da Receita Federal entregam cargos no Rio Grande do Sul Daniela Xu/Agencia RBS

Em meio à rebelião detonada na Receita Federal devido à demora do governo em enviar ao Congresso Nacional o projeto de reajuste salarial dos auditores fiscais, 46 delegados, inspetores e chefes de divisão do Rio Grande do Sul entregaram seus cargos. Em manifesto, os chefes destacaram o “cenário de infindáveis postergações e pretextos” para implementar o acordo, selado em março após negociação com o governo, e atribuíram a decisão à “demonstração injustificável de desrespeito” por parte do ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira.

A movimentação no núcleo gaúcho pode ser apenas a primeira, uma vez que servidores em outros Estados já avaliam tomar a mesma atitude.

A insatisfação da categoria chega até a cúpula do órgão em Brasília, que juntamente com 10 superintendências do Fisco alertou em carta o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, sobre os riscos graves para a arrecadação de impostos e contribuições federais justamente em momento de crise fiscal e queda contínua de receitas.

A categoria já propõe realizar uma greve até que a questão seja solucionada. Até o momento, 70% dos votos são favoráveis à paralisação, segundo o Sindifisco Nacional, que representa a classe.

No manifesto, os delegados, inspetores e chefes de divisão no Rio Grande do Sul disseram que não há justificativas para que o governo federal descumpra, de forma unilateral, um acordo “legitimamente discutido e assinado” com os servidores responsáveis pela arrecadação federal justamente em um momento de queda de receitas.

O acordo fechado em março passado prevê inicialmente um bônus fixo mensal de R$ 3 mil entre agosto e dezembro deste ano. A partir de janeiro de 2017, o benefício salarial passaria a ser vinculado ao desempenho e a metas da produtividade global da Receita. O acordo também previa um reajuste da remuneração básica de 21,3% em quatro anos.

Uma primeira parcela do reajuste, de 5,5%, deveria entrar em vigor já em agosto, mas para isso era preciso enviar o Projeto de Lei ao Congresso Nacional para que pudesse ser apreciado antes do recesso parlamentar. Na última quarta-feira, porém, Oliveira informou, em reunião com os auditores, não ter prazo para enviar a matéria.

“Como até a presente data o governo federal não encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei contemplando as cláusulas previstas no acordo firmado com os sindicatos representantes das categorias mencionadas, descumprindo portanto as suas obrigações acordadas, alertamos que fica insustentável a administração da Receita Federal, em razão do manifesto e generalizado descontentamento e insatisfação dos seus servidores”, alertam os integrantes do Fisco no Rio Grande do Sul.

Na reunião, o ministro também descartou a edição de uma Medida Provisória (MP) sobre o tema. Os auditores questionam, no entanto, a edição de uma MP para conceder um bônus aos médicos peritos pelos próximos dois anos de modo a viabilizar a revisão de benefícios sociais. A medida foi anunciada na quinta-feira pelo governo e prevê um pagamento extra de R$ 60 por perícia realizada.

Em resposta, o Ministério do Planejamento diz que fez um apelo à categoria para que não haja paralisação porque esse “acirramento não irá ajudar nas negociações”. A pasta confirmou ainda que não há previsão para envio do projeto porque o governo do presidente em exercício, Michel Temer, ainda está avaliando os acordos firmados no final da gestão da presidente afastada Dilma Rousseff.

Zero Hora
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